Um bom amigo
Silanisamsa Jataka 



O Buda contou esta história no Monastério de Jetavana, sobre um devoto seguidor.

Uma noite, este fervoroso discípulo veio para perto da beira do rio Aciravati, em seu caminho para Jetavana, para ouvir o Buda. Não havia nenhum barco no ancoradouro e o barqueiro que atravessava as
pessoas, havia puxado todos os barcos para longe do ancoradouro, pois também havia saído juntamente com os outros para ouvir o Buda.

A mente deste fervoroso discípulo estava totalmente imersa pelos maravilhosos pensamentos sobre o Buda e isto fez com que ele caminhasse sobre o rio, sem que os seus pés afundassem na água. Ele caminhava pela água como se estivesse andando em terra seca, entretanto, quando ele percebeu as ondas no meio do rio, suas fortes emoções e alegrias diminuíram e seus pés começaram a afundar, mas
rapidamente ele recomeçou a concentrar seus pensamentos nas qualidades do Buda. Assim, os seus pés subiram para a superfície da água e ele pode caminhar alegremente sobre a água. Quando chegou a Jetavana, ele saudou o Mestre com muito respeito e tomou um lugar para sentar.

O Buda falou: "Bom seguidor", dirigindo-se a este discípulo, "Eu espero que você não tenha tido nenhum acidente em sua vinda para cá." 

O discipulo respondeu: "Venerável senhor, enquanto vinha para cá, eu estava tão absorvido nos pensamentos do Buda que quando cheguei ao rio, fui capaz de caminhar sobre ele como se este fosse sólido. O Iluminado disse: "Meu amigo, você não é o único que foi protegido neste caminho. Nos velhos tempos, fervorosos seguidores que tiveram seus barcos afundados no meio do oceano foram salvos por relembrarem das virtudes do Buda". A um pedido de um homem, o Buda contou esta história do passado.

Ha muito tempo atrás, no tempo do Buda Kassapa, um discípulo dele, pegou uma passagem num barco junto com seu amigo, um rico barbeiro. A esposa do barbeiro pediu ao discípulo que cuidasse do seu marido nesta viagem. Uma semana depois que o barco deixou o porto, ele afundou no meio do oceano. Os dois amigos foram salvos ao se agarrarem num pedaço de madeira, a ultima coisa que sobrou do barco afundado e que os ajudou a chegar numa ilha deserta. Famintos, o barbeiro matou algumas aves,
cozinhou e ofereceu a metade para o seguidor do Buda.

Ele respondeu ao oferecimento da comida com as seguintes palavras: "Não, muito obrigado, eu estou bem". Então ele pensou consigo mesmo. "Neste lugar tão isolado, não existe socorro para nós com exceção da Gema Tripla". Enquanto ele estava sentado meditando sobre a Gema Tripla; um rei naga, que nasceu nesta ilha, transformou-se em um lindo navio repleto com sete espécies de jóias. Os três mastros do navio eram feitos de safiras, os lados dos navio e as ancoras eram de ouro e as cordas
eram de pratas.

O timoneiro, que era um espírito do mar, apareceu no navio e gritou. 

Tem aqui algum passageiro para Índia?".

"Sim" o discípulo respondeu. "Este e o lugar que nós estávamos indo".

"Então suba a bordo", o espírito respondeu.

O seguidor subiu a bordo do lindo navio e voltou-se para chamar seu amigo barbeiro.

O espírito do mar então falou, "Você pode vir, mas ele não pode".

"Por que não"? o discípulo perguntou.

O espírito do mar respondeu, "Ele não é um seguidor de uma vida religiosa, eu trouxe esse navio para você e não para ele". O discípulo respondeu: "Neste caso, todos os dons que eu ganhei, todas as virtudes que pratiquei, todos os poderes que eu desenvolvi - eu dou tudo isto a ele".

"Obrigado mestre!", gritou o barbeiro.

"Muito bem" disse o espírito do mar, "agora eu posso levar os dois para bordo".

O navio levou os dois homens pelo mar até o Rio Ganges. Após deixá-los seguros em suas casas em Varanasi, o espírito do mar usou seu poder mágico para criar um grande tesouro para ambos. Posteriormente, ele levitou e ensinou para eles e seus amigos: "Se alie com a sabedoria e a bondade. Caso este barbeiro não estivesse na companhia desse sincero seguidor, certamente teria perecido no meio do oceano".Finalmente, o espírito do mar retornou para o seu mundo, levando o navio com ele.

Concluindo seu discurso, o Buda identificou o Nascimento e ensinou o Dharma, declarando que o seguidor entrou no segundo caminho. Acrescentando, disse: "Naquela ocasião, o discípulo atingiu o estado de arhat (santidade), Shariputra era o rei naga e eu, o espírito do mar".
 
A moral da história: Busque se associar aos sábios e bons
 

A tradução deste texto é uma preciosa colaboração de 
Vera Vicente - Lotusvera@aol.com 
Com ilustração de Sandro Neto Ribeiro contato@maisbelashistoriasbudistas.com 

Referênciasbibliográficas


 

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