A diferença entre o céu e no
inferno
Ele esteve lá
Conta-se que um poeta estava um dia
passeando ao crepúsculo em uma floresta, quando de repente surgiu diante
dele uma aparição do maior dos poetas, Virgílio. Virgílio disse ao apavorado
poeta que o destino estava sorrindo para ele e que ele tinha sido escolhido
para conhecer os segredos do Céu e do Inferno. Por mágica, Virgílio
transportou-se e ao poeta, ainda apavorado com experiência tão súbita, ao
velho e mítico rio que circundava o submundo. Entraram em uma canoa e
Virgílio instruiu o poeta para remar até o Inferno. Quando chegaram, o poeta
estava algo surpreso por encontrar um lugar semelhante à floresta onde
estavam, e não feito de fogo e enxofre nem infestado de demônios alados e
criaturas nojentas exalando fogo, como ele esperava.
Virgílio pegou o poeta pela mão e levou-o por uma trilha. Logo o poeta
sentiu, à medida que se aproximava de uma barreira de rochas e arbustos, o
cheiro de um delicioso ensopado. Junto com o cheiro, entretanto, vinham
misteriosos sons de lamentações e ranger de dentes. Ao contornar as rochas,
deparou-se com uma cena incomum. Havia uma grande clareira com muitas mesas
grandes e redondas. No meio de cada mesa havia uma enorme panela contendo o
ensopado cujo cheiro o poeta havia sentido, e cada mesa estava cercada de
pessoas definhadas e obviamente famintas. Cada pessoa segurava uma colher
com a qual tentava comer o ensopado. Devido ao tamanho da mesa, entretanto,
e por serem as colheres compridas de forma a alcançar a panela no centro, o
cabo das colheres era duas vezes mais comprido do que os braços das pessoas
que as usavam. Isto tornava impossível para qualquer uma daquelas pessoas
famintas colocarem a comida na boca. Havia muita luta e imprecações enquanto
cada pessoa tentava desesperadamente pegar pelo menos uma gota do ensopado.
O poeta ficou muito abalado com a terrível cena, até que tampou os olhos e
suplicou a Virgílio que o tirasse dali. Em um momento eles estavam de volta
à canoa e Virgílio mostrou ao poeta como chegar até o Céu. Quando chegaram,
o poeta surpreendeu-se novamente ao ver uma cena que não correspondia às
suas expectativas. Aquele lugar era quase exatamente igual ao que eles
tinham acabado de sair. Não havia grandes portões de pérolas nem bandos de
anjos a cantar. Novamente Virgílio conduziu-o por uma trilha aonde um cheiro
de comida vinha de trás de uma barreira de rochas e arbustos. Desta vez,
entretanto, eles ouviram cantos e risadas quando se aproximaram. Ao
contornarem a barreira, o poeta ficou muito surpreso de encontrar um quadro
idêntico ao que eles tinham acabado de deixar; grandes mesas cercadas por
pessoas com colheres de cabos desproporcionais e uma grande panela de
ensopado no centro de cada mesa. A única e essencial diferença entre aquele
grupo de pessoas e o que eles tinham acabado de deixar, era que as pessoas
neste grupo estavam usando suas colheres para alimentar uns aos outros.
Robert B. Dilts e outros
No livro Neuro-Linguistic Programming Vol. I (Meta Publications). Tradução:
Virgílio Vasconcelos Vilela
Preciosa colaboração
de Cadú Prianti
carloseduardoprianti@uol.com.br