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A consciência do
nada
Desde 1543 quando
Nicolau Copérnico mostrou que não éramos o centro do sistema Solar, nossa posição no
Universo vem se revelando cada vez menos importante. Um pouco mais tarde, Isaac Newton foi
um dos primeiros a afirmar que as estrelas são Sóis como o nosso.
Atualmente, sabe-se que o Sol não passa de uma estrela de quinta grandeza perdido no rabo
da Via Láctea, que também não passa de uma modesta galáxia em meio a bilhões de
outras.
Algumas teorias mais recentes e ainda precárias chegam a supor que nosso Universo é
apenas um dentre muitos outros possíveis. De qualquer modo, na escala astronômica, somos
menos que micróbios amontoados num minúsculo grão de poeira cósmica. A esta altura, o
leitor, talvez um pouco chocado, poderia protestar argumentando que, mesmo sendo
verídica, como de fato é, posto desta forma, a afirmação é preconceituosa.
Indica um certo descaso injustificado pelos enormes avanços e obras de gerações de
grandes homens. De certa forma, o leitor tem sua parcela de razão. Mas, meu descaso não
é pelos avanços tecnológicos e muito menos pelos grandes homens. Muito ao contrário,
meu protesto é justamente contra as lideranças de plantão que desprezam as lições dos
grandes homens.
Segundo as fontes históricas, Copérnico concluiu seus estudos sobre o sistema
Heliocêntrico em 1514 mas, devido a problemas com a Igreja, só pode divulgá-los em
1543, coincidentemente, ano de sua morte. Hoje, exceto pelas fogueiras da Inquisição, a
situação não mudou muito.
O Antropocentrismo Teológico foi meramente substituído pelo Egocentrismo Capitalista que
continua sacrificando vidas e destruindo o planeta. São verdadeiros micróbios
hipócritas, orgulhosos da própria ignorância de sua nulidade.
Os grandes homens que
escreveram a história do planeta, acima de tudo, revelaram a grandeza da humildade,
único atributo capaz de nos fazer gigantes deste Universo infinito.
Somente essa percepção de fragilidade física e a consciência de coletividade poderá
assegurar nosso futuro.
O planeta Terra, independente de nossa vontade, seguirá seu curso cósmico, mas a
inteligência que aqui existe é algo muito raro e especial para servir apenas às
frivolidade e intrigas de alguns micróbios.
Cesar Boschetti é tecnologista do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
Preciosa Colaboração de Alexandre
Fonteles
alexandre.fonteles@bol.com.br
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