Relato de Experiência
Irene Nagai


Meu nome é Irene Nagai e pertenço ao grupo Renascença, na cidade de Nagoya, Japão e gostaria de agradecer pela oportunidade de relatar um pouco da minha vida. Nasci numa família onde já existia o Gohonzon, portanto sou fukushi. Meus pais foram responsáveis de comunidade e toda a família praticava. Apesar dos problemas financeiros, tive uma infância comum. Em 1984, participei do Festival onde pudemos receber o Presidente Ikeda.

Em janeiro de 87 casei-me e logo em seguida, recebemos o Gohonzon. No mesmo ano, nasceu meu primeiro filho Mike. Minha gravidez não foi muito boa e por várias vezes tive que correr ao médico com fortes dores na barriga, onde sempre me foi receitado alguns comprimidos. Quando comecei a sentir as dores do parto, fui medicada com uma injeção que provocou uma forte reação alérgica., deixando-me irreconhecível. Recebi um novo medicamento e tive o meu filho sem problemas. Mais tarde, o médico explicou-me que sou alérgica a remédios que possuem dipirona, só que a alergia não tinha se manifestado pelo fato da dose existente nos comprimidos ser muito pequena. Mas, com uma dose um pouco maior, eu poderia ter tido um choque anafilático e entrar em coma, mas devido a proteção do Gohonzon, não aconteceu nada de grave.

Com 5 meses de idade, meu filho começou a ter crises de falta de ar e desmaios toda vez que chorava, os exames feitos não acusaram nada. O médico indicou-me uma psicóloga que me orientou a soprar toda vez que isso acontecesse. Deu certo no começo, mas com o passar do tempo nada mais adiantava. Certo dia, estávamos na casa de meus pais quando ele começou a chorar e perdeu o fôlego, ficando roxo e no desespero, abrimos o oratório e começamos a recitar o Daimoku. Logo em seguida, ele voltou ao normal, e acabei percebendo que havia esquecido do melhor remédio. Depois desse dia, meu filho nunca mais desmaiou.

Em 1990, nasceu meu filho Johnny e em 92 minha filha Ellen, todos com a mais perfeita saúde.

Nesta época, em termos financeiros, tínhamos uma vida estável. Mas, após 8 anos de casada a firma do meu marido começou a apresentar problemas e eu sempre dizia para que ele vendesse o negócio, pois acreditava ser o melhor. Apesar disto, ele acreditava na empresa e fazia empréstimos na esperança de melhorar, mas a situação piorava a cada dia. Minha família sempre aconselhava a vender tudo e vir para o Japão, pois o meu pai residia aqui e estava disposto a pagar as passagens de nossa família para que viessemos morar com ele.

Apesar de tudo, o meu marido continuou com a firma e eu me sentia perdida entre a minha família e o meu marido. Nesta ocasião, optei por ficar ao seu lado mesmo não acreditando em todas as suas investidas profissionais. Este foi um período difícil para mim, pois não conseguia desabafar com ninguém, nem com as minhas irmãs e acabava guardando tudo dentro de mim. Além disso, houve ocasiões que cheguei a ouvir minha família falando mal do meu marido. Estava confusa e algumas vezes até dava razão a eles, mas escutava calada, pois o amava muito e não queria que fosse verdade tudo o que estava acontecendo.

Em agosto de 95, a firma do meu marido faliu e fomos obrigados a sair do apartamento alugado só com a roupa e o Gohonzon, pois o restante ficou como forma de pagamento. Fiquei totalmente arrasada, pois já estávamos passando fome e só comíamos pão. Era muito triste viver aquela situação. Nesta época, a minha prática era como de um mendigo que só orava ao Gohonzon pedindo e pedindo; e quando melhorava um pouco, parava, e sem perceber a situação ia piorando e tornando-se pior do que a anterior. Para completar a situação, recebi a notícia do falecimento do meu pai em um acidente de trânsito no Japão. Fiquei desnorteada, peguei os meus filhos e fui morar com minha irmã casada e meus 3 filhos, deixando o meu marido responsável em resolver os problemas da empresa.

Após quinze dias, meu marido veio morar conosco e agradeço muito a minha família, pois além de nos acolherem, arrumaram emprego para o meu marido e bancavam todas as nossas despesas. Foi neste momento que despertei para a verdadeira prática da fé e decidi que iria transformar a nossa situação, Decidi dedicar ao máximo em todas as atividades em prol do Kossen-rufu, mas nunca deixando de ajudar a minha irmã e o meu cunhado que trabalhavam na venda e distribuição de ovos.

Nessa época, tentei novamente vir ao Japão, mas o meu marido não aceitou a despeito de toda a situação desfavorável. Passado um ano, como o meu sogro havia falecido e deixado como herança para os filhos um sobrado em Guarulhos, fomos morar lá, onde pudemos reconsagrar o nosso Gohonzon que estava enrolado há um ano, pois minha irmã já tinha o dela. Reiniciei minha luta em Guarulhos, com a decisão de vencer e ser um grande valor para o Kossen-rufu, recitando cerca de 3 horas de Daimoku diariamente.

No ano de 1998, meu marido deixou de trabalhar com o meu cunhado e começou a trabalhar no CEAG (Centro de Distribuição de Produtos Hortaliças e Frutas de Guarulhos), mas isso durou pouco. Logo, voltou ao desemprego por seis meses. Depois, conseguiu novamente um serviço como carregador, passando em seguida a trabalhar por conta própria - onde já tinha até um funcionário com ele - mas novamente o movimento foi caindo. Em novembro de 99, minha casa foi assaltada e levaram os aparelhos eletrônicos e na semana seguinte, voltaram para levar o restante. Levaram tudo, mas não tocaram no Gohonzon. Felizmente, nas duas ocasiões, não havia ninguém em casa; mas cheguei a vê-los no meu quintal. Decidimos morar com a minha irmã que morava perto até construirmos um muro mais alto e com mais proteção.

Nessa época, eu era responsável de bloco e fiquei bastante preocupada se todos os membros iriam entender toda aquela situação que estávamos passando. Fiquei satisfeita em perceber que todos entenderam e apoiaram-me, dizendo que tive uma grande proteção do Gohonzon, pois o que levaram eram bens materiais e que nada tinha acontecido conosco.

Nesta época que decidimos vir ao Japão, pois estávamos preocupados com a segurança de nossos filhos e também porque o salário do meu marido era somente suficiente para pagar as despesas e não conseguíamos pagar as dívidas acumuladas. Quando contei aos meus companheiros da comunidade, eles nos deram a maior força e incentivos. Como tenho saudades de todos e guardo cada um no fundo do meu coração.

Providenciamos todos os documentos e chegamos aqui no dia seis de março de 2000, juntamente com a minha mãe. Neste curto espaço de tempo pude participar das reuniões de palestras em japonês, e do Grupo Renascença. Meu marido começou a trabalhar, e em questão de 20 dias conseguimos nosso apartamento. As crianças estão estudando em escola japonesa e aos poucos estão conseguindo se adaptar. Assim, tudo está indo muito bem.

Fazendo um retrospecto da minha vida, esta experiência está sendo maravilhosa. E apesar de não entender o idioma japonês, minha mãe está comigo e me incentiva bastante, principalmente na prática. Percebo que apesar de todas as dificuldades pelas quais passsamos, a nossa família nunca se desestruturou, e o relacionamento com o meu marido está melhor do que nunca. Apesar das dificuldades financeiras, a harmonia sempre reinou em nossa família.

O Presidente Ikeda orientou certa vez: "Aqueles que passaram por grandes sofrimentos devem vencer na vida e tornarem-se felizes. Se estão sempre perdendo e sentindo-se miseráveis, então, não estão praticando corretamente o Budismo de Nitiren Daishonin; não estão seguindo o verdadeiro caminho da vida. O Budismo ensina os meios pelos quais o tristonho torna-se feliz e o feliz torna-se ainda mais feliz. Esta é a razão de nossa prática. E tornar-se feliz não é o motivo mais importante da vida?". Assim estou me empenhando em prol da minha felicidade, da minha família e de todas as pessoas ao meu redor. Muito Obrigada.

Preciosa Colaboração de
REGINA M. I. MATAYOSHI harumi10@grace.ne.jp  

Volta a seção de Artigos

 As Mais Belas Histórias Budistas
http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/  - contato@maisbelashistoriasbudistas.com