Relato de Experiência
Relato de Experiência
Sandy D´Innocenti (Saratoga
- California - EUA)
(Revolução
Humana, Relatos sobre o primeiro passo para transformar minha vida)
por Sandy D´Innocenti
Publicado em
www.happyjeanny.com
"Eu estava
vivendo no mundo do INFERNO e não sabia a causa. Era uma boa mãe, trabalhava
muito, membro ativo da Soka Gakkai. Orava diariamente e sabia como definir e
atingir objetivos através da minha fé. Por que então não era feliz? Em outubro
de 2001, fui a uma reunião da SGI e confidenciei ao membro mais íntimo do
distrito, Jeanny Chen, a respeito da minha luta interna. Ela se ofereceu para
nos encontrarmos na semana seguinte para conversarmos sobre a minha situação.
Esta seria a reunião que mudaria minha prática e vida..."
Tenho
praticado o Budismo de Nitiren Daishonin nos últimos seis anos. Naquele tempo
me foquei nos três pilares de fé, prática e estudo. Nestes seis anos de
prática vivenciei muitos benefícios, de aumentos de salários, novas ofertas de
trabalho, casas novas e excitantes oportunidades de viagem. Mesmo com todos
esses benefícios materiais eu ainda continuava a lutar com muitos
relacionamentos tanto no trabalho como em casa. Quanto mais eu praticava,
percebia que meu maior interesse nos benefícios não era material. Tudo que
queria era ser feliz. Como uma mulher em seus 45 eu usei muitos chapéus: Chefe, Funcionária, Esposa, Ex-esposa, Mãe de duas
crianças, Madrasta, Filha, Filha adotiva, Tia, Irmã, Amiga. Enquanto revia
estes relacionamentos importantes entendi que a maioria deles não me
preenchiam e eram muitas vezes combativos. Eu não era feliz. Alguma coisa
tinha que mudar.
Como uma VP
de vendas numa empresa de eletrônicos, esperavam que eu fosse a líder. No
entanto, muitas vezes eu via que aqueles que eu tinha que liderar tinham
muitas deficiências, que limitavam minhas habilidades para obter sucesso. Eu
queria que a empresa crescesse e estava disposta a fazer qualquer coisa para
que isso pudesse acontecer. Os outros, me parecia, nem sempre dividiam comigo
essa dedicação e eram, algumas vezes, incapazes de seguir minhas instruções.
Isto fazia sentir-me como se fosse a única a executar meu plano de trabalho.
Tendo todo o trabalho sobre meus ombros me ressentia daqueles que trabalhavam
para mim e comigo. Comecei a olhar para eles rebaixando-os e vendo-os como
inferiores e fracos. E via a mim mesma cercada por estúpidos, pessoas
preguiçosas que se apoiavam em mim para tudo. Eu invejava o tempo livre deles
e me sentia a vitima enquanto trabalhava mais horas para compensar a falta de
determinação deles. Comecei a pensar em demitir todos e contratar novas
pessoas que fossem mais capazes. No entanto, quem quer que eu entrevistasse me
parecia tão incapaz quanto aqueles que eram meus funcionários atuais.
Sendo mãe de
duas crianças e uma enteada eu lutava para equilibrar trabalho e casa. Me
sentia imensamente culpada por não estar em casa para as minhas crianças. Meu
sonho mais precioso era o de ser financeiramente capaz de me demitir do meu
trabalho e passar meu tempo com minha família. Isto nunca parecia possível
porque meu marido ganhava menos da metade do meu salário e havia sido demitido
três vezes em nossos oito anos de casados. Eu me ressentia em ser a maior
ganha-pão na nossa casa. Tinha me divorciado do pai dos meus filhos me casando
novamente quando as crianças estavam com 2 e 5 anos de idade. Meu marido nunca
aceitou meus filhos como se fossem dele. Eu era completamente contra seu
estilo de educar o qual, eu sentia, consistia em gritar e punir meus filhos e
beijos e permissividade em favor de sua própria filha. Este era o maior
assunto nas nossas brigas noturnas. Porque não concordávamos em como educar
nossos filhos todo o cuidado e suporte para os meus filhos caiu sobre mim.
Isto significou longos dias no trabalho seguidas de noites de choro, trabalho
de casa e lavanderia. A maioria das brigas com meu marido eram sobre o
comportamento do meu filho. Meu marido parecia se ressentir do meu amor por
esse filho e este ciúme fazia com que ele visse tudo o que meu filho dissesse
ou fizesse sob uma luz negativa. Meu filho ouvia nossas brigas acaloradas por
ter esquecido de levar o lixo para fora ou de desligar a luz do quarto. Então,
com 15 anos, veio a mim um dia após escutar uma briga muito feia entre meu
marido e eu, e disse: “Mãe, você não precisa mais brigar por minha causa. Diga
apenas ao meu padrasto para falar comigo se ele estiver com raiva. Eu posso
cuidar disso”. Depois disso meu filho parou de passar o tempo com a família.
Ficava no seu quarto e quase nunca conversava. Seus sinais de depressão eram
tão óbvios para mim que o levei a um terapeuta tentando ajudá-lo. Minha vida
doméstica era viver num inferno.
Como esposa
eu já havia sido golpeada duas vezes. Divorciada duas vezes, esta era minha
terceira vez com o bastão e eu queria que meu casamento fosse um rebatida
perfeita. No entanto, não era bem assim que as coisas estavam acontecendo. Meu
marido lutava para manter um emprego. Eu contribuía com a maioria das
despesas. Se não estávamos brigando por causa das crianças, discutíamos por
causa de dinheiro. Ele me culpava por nossas contas dizendo que eram meus
gastos que nos levava para baixo. Eu o lembrava que era eu que conseguia todo
o dinheiro. Seus sentimentos de inferioridade cresciam a cada vez que
pagávamos as contas. Após sua segunda demissão ele ficou sem trabalho por nove
meses. O dinheiro era pouco e o casamento estava perigosamente perto do fim.
Os
relacionamentos da minha pobre família se estenderam para os meus pais também.
Eu vivia a quilômetros de distância de ambos, meu pai e minha mãe, e raramente
me correspondia com eles. Minha infância não era um "quadro perfeito". Minha
mãe e meu pai se divorciaram quando eu estava com 12 anos de idade porque meu
pai tinha se apaixonado pela sua secretária que era 16 anos mais jovem. Ela
logo veio a se tornar minha madrasta mesmo sendo apenas nove anos mais velha
que eu. Minha mãe odiava esta madrasta em nossas vidas e fez tudo que podia
para me lembrar que homem "mau" era meu pai. Após o divórcio minha mãe veio a
ser "garota da festa" em 1968. O elenco de pessoas que visitavam nossa casa
poderia preencher muitos episódios do "That 70´s Show". Para escapar do mundo
maluco de minha mãe fui morar com meu pai que possuía sua própria coleção de
problemas. Meu pai obteve sucesso financeiramente enquanto batalhava durante
todo o tempo, e finalmente conseguindo, vencer a luta contra o alcoolismo.
Enquanto crescia tinha sobre mim os olhos sempre críticos do meu pai em cada
gesto meu. Ele era rápido para notar qualquer mal comportamento ou preguiça em
mim. Colocava bem claro que para ser bem sucedida perante seus olhos eu tinha
que sair para o mundo e ganhar muito dinheiro. Nenhuma outra missão era digna
de obter sua atenção sob seu ponto de vista. Sempre que eu me comportava mal,
meu pai me perseguia até as escadas que levavam ao meu quarto e me espancava
forte no traseiro repetidas vezes. Humilhação e raiva tomavam conta de mim
tanto quanto sua raiva me devastava. Os espancamentos continuaram até os meus
14 anos de idade. Lembro-me que nessa idade, ele veio para cima de mim, olhos
cheios de raiva. Mas ao invés de me submeter, eu me virei e o encarei dizendo:
“se você me agredir, eu te agrido de volta". Daquele dia em diante o
espancamento parou. Ao invés de me agredir fisicamente, começou a usar
agressão verbal para me manter na linha. Se eu chegasse em casa após o meu
toque de recolher me acusava de ser uma prostituta e de estar dormindo com
rapazes. Muito do comportamento dele era controlado pelo álcool. Durante este
tempo meu pai estava no abismo do alcoolismo. Por sorte, quando eu completei
17 anos meu pai parou de beber. O comportamento abusivo em relação a mim
diminuiu, no entanto, eu ainda levava a mágoa e a dor em meu coração. Me
ressentia dos meus pais e abrigava sentimentos de raiva sempre que nos
falávamos.
Como amiga
eu era um fracasso. Tinha muitos conhecidos mas nenhuma amizade profunda. Não
sentia que deveria ser amiga das pessoas que eu administrava. Precisava
mantê-los à distancia. Tinha pessoas que eu via nas reuniões de distrito da
SGI mas não éramos amigos íntimos. Aquelas poucas pessoas que contavam comigo
como amiga nunca me viam porque eu estava muito ocupada com o trabalho e a
família. Minhas poucas amigas me davam nos nervos por uma razão ou outra.
Quando meu marido quis me oferecer uma festa de aniversário de 40 anos, me
perguntou quais dos meus amigos ele deveria convidar; fiquei chocada ao
perceber que nenhum nome vinha à minha mente. Quarenta anos de vida e eu não
estava conectada a um nível pessoal profundo com ninguém, exceto meu marido.
"Eu estava
vivendo no mundo do INFERNO e não sabia o motivo. Era uma boa mãe, trabalhava
muito, membro ativo da SGI. Orava diariamente e sabia como definir e atingir
objetivos através de minha fé. Por que então eu não era feliz?”. Nitiren
Daishonin escreveu o Gosho: "O inferno é a terra da Luz Serena"(ainda não
traduzido para o português):
"Nem a Terra Pura ou o Inferno
existem fora de nos mesmos; ambos vivem dentro de nossos próprios corações.
Despertado por esta verdade, é chamado de Buda, iludido sobre isto é chamado
de mortal comum. O Sutra de Lótus revela esta verdade, e aquele que abraça o
Sutra de Lótus compreenderá que o inferno por si só é a Terra da Luz Serena".
Em meu
estado de ilusão, acreditava que as pessoas em minha vida estavam me levando
ao inferno. Mas como Nitiren Daishonin esclarece nesta passagem, o Inferno que
eu estava vivenciando existia dentro do meu próprio coração. Ele também nos dá
grande esperança dizendo que aqueles que abraçam o Sutra de Lótus podem
encontrar a Terra da Luz Serena mesmo no mundo do Inferno. E foi o meu
casamento que finalmente me despertou, era o que eu precisava para compreender
totalmente este gosho em minha vida. Meu terceiro casamento ficou tão
problemático que pedi ao meu marido que saísse de casa. Decidi que desde que
ele não tratava a mim e às crianças com amor e respeito estaríamos melhor sem
ele. Tinha orado por meses para que ele mudasse, para que ele amasse meu filho
e nos aceitasse como éramos. Pela primeira vez em minha vida minha oração não
produziu resultados visíveis. Com minha fé baixa e fraca fiz a única coisa que
sabia fazer, desistir!!! Pedi ao meu marido para sair no dia 1º de outubro de
2001.
Eles dizem
que o mestre aparece quando o discípulo está pronto para aprender. Este
arquétipo estava vivo em minha vida. Fui a uma reunião da SGI e confiei a um
membro de distrito mais íntimo - Jeanny Chen, que eu e meu marido tínhamos nos
separado. Ela se ofereceu para encontrar-se comigo na semana seguinte para
falarmos sobre minha situação. Esta seria a reunião que mudaria minha prática
e minha vida. No inicio da reunião Jeanny me disse que eu tinha duas opções:
me dedicar a mudar minha vida ou desistir. Escolhi mudar minha vida. Então,
ela disse que daquele momento em diante, tudo que eu pensasse, fizesse ou
dissesse deveria estar focado em atingir aquele objetivo. Não poderia permitir
a mim mesma nenhum comportamento negativo que não apoiasse a vitória total.
Então pediu que descrevesse minha situação. Eu falei e falei sobre todas as
coisas horríveis que meu marido dizia e fazia. Eu via o fim do meu casamento
como culpa dele. Ela ouviu respeitosamente e quando acabei, começou a dividir
comigo uma forma completamente diferente de perceber minhas circunstâncias.
Fomos para dentro de minha situação em cada aspecto, ponto por ponto.
Discutimos
sobre a causa de cada circunstância negativa e esboçamos um novo plano para
assumir um controle positivo da minha vida. Escrevi cada detalhe do plano em
um caderno novo e em branco. Este caderno passaria a ser minha companhia
constante. Eu nunca estou sem ele. Neste caderno escrevi todos os planos que
Jeanny e eu ajustamos naquele dia. Eu ainda uso este caderno para gravar todos
os meus obstáculos e triunfos.
Aprendi
tanto naquele dia. Jeanny achava que meu marido era meu benefício. Ela disse
que todo relacionamento em nossas vidas reflete nosso estado de vida tanto
positivo como negativo. Encorajou-me, dizendo que seria através dos meus
relacionamentos mais dolorosos que me era dado o maior benefício de crescer em
minha revolução humana. É meu próprio carma negativo que me faz perceber e
reagir às pessoas ao meu redor com pensamentos negativos, palavras e ações.
Explicou-me que toda vez que eu reagia com causas negativas para com as
pessoas em minha vida, criava efeitos negativos agora e em minhas existências
futuras. Na verdade, eu deveria ter um débito de gratidão para com as pessoas
que tinham me causado tanto sofrimento, por serem uma parte tão critica em
minha revolução humana. Sem estes obstáculos eu não teria sentido esta
necessidade ardorosa de recitar. WOW! que forma diferente de observar minha
vida. Disse-me que eu tinha uma escolha em fazer de cada instante de minha
vida uma oportunidade para criar causa positiva ou negativa em relação as
pessoas em minha vida. Causas positivas me levariam a mudar meu carma; causas
negativas me levariam a mais sofrimento. Disse-me que se escolhesse
transformar meu carma, libertaria essas pessoas de minha vida de necessitarem
cometer atos negativos e então aliviar o sofrimento deles tanto quanto os
meus. Eu poderia mudar meu ambiente mudando eu mesma, realizando minha própria
revolução humana.
Pude
analisar cada ponto compartilhado com ela. Após terminarmos de conversar
fechei meu caderno. A primeira linha estava em branco. Eu precisava de um
titulo. Eu escrevi "A Revolução Humana de Sandy".
Foi assim
que comecei a mudar minha vida. Eu vim a ser o autor, criando uma linda e
magnífica estória para que eu a vivesse. Então, conversamos sobre o propósito
de realizar a Revolução Humana de uma vez por todas. Por quê lutar tanto para vencer minhas tendências cârmicas? Jeanny sugeriu que eu tivesse
uma visão maior. Se eu enfrentasse a mim mesma através da minha prática
Budista, eu seria capaz de demonstrar a prova real em minha vida. Esta prova
real aprofundaria minha fé e ao mesmo tempo encorajaria outros. O principio de
nossa fé é de praticar esse Budismo para o nosso benefício e o benefício de
outros. Encorajou-me para que, enquanto me esforçasse para realizar os meus
objetivos pessoais, para também devotar-me ao crescimento de nosso próprio
grupo da SGI. Ela me convenceu que o sucesso do movimento do kossen-rufu (Paz
Mundial) deveria ser minha primeira missão. Esta missão deveria ser atingida
apenas através do desenvolvimento uniforme de nosso grupo local da SGI. Fui
apontada como vice-líder do grupo meses antes da Jeanny atuar como líder. Eu
nunca tinha entendido totalmente o que significava esse papel. Sempre olhei
para a Jeanny como o condutor principal em agendar e organizar as reuniões de
nosso grupo. De repente, percebi que a Jeanny estava me encorajando a tomar a
missão de fazer do nosso grupo um sucesso. Juntas, poderíamos fazer deste
grupo o mais alegre e vigoroso grupo no distrito. Jurei então ser uma parte
ativa para o sucesso de nosso grupo. Comecei a fazer as reuniões em minha casa
e a distribuir a programação das atividades para o nosso grupo pessoalmente.
Absorvi o papel da liderança do planejamento e coordenação da reunião da
Divisão Feminina em Fevereiro de 2002. O objetivo era que cada pessoa levasse
uma simpatizante para a reunião.
Para fazer a
reunião acessível aos simpatizantes decidimos estabelecer a reunião em três
áreas de foco da SGI: Paz, Cultura e Educação. Comecei a solicitar aos
membros do grupo que desenvolvessem apresentações sobre cada assunto. Os
membros trabalharam diligentemente nas apresentações, que incluíram uma
retrospectiva do livro do Presidente Ikeda "Em Prol da Paz". Uma discussão
sobre educar a nós mesmas nesta prática através das publicações do World
Tribune e Living Buddhism e uma leitura da poesia original por dois membros
como um relato de experiência pessoal propulsora. A reunião foi um tremendo
sucesso com mais de 30 membros e convidados. Uma sólida vitória para o
Kossen-rufu!
Mudamos
totalmente o formato das reuniões do nosso grupo, de uma forma afetada nas
leituras dos artigos para um dialogo aberto e participativo com cada membro.
Cada um no grupo passou a se sentir mais perto neste formato aberto. De fato,
muitos lideres de grupo de outros distritos vieram às nossas reuniões para que
pudessem usar mais facilmente este formato de dialogo aberto em seus próprios
grupos. Estamos sinceramente tentando seguir as orientações do Presidente
Ikeda para fazer do ano de 2002 um ano de dialogo sincero. A alegria e
satisfação que obtive dedicando-me ao avanço do meu grupo da SGI tem sido o
meu maior benefício.
Agora sinto
uma amizade mais íntima com cada uma das pessoas do grupo. Depois que eu e
Jeanny nos encontramos aquela primeira vez, comecei a trabalhar na minha
revolução humana. Jeanny despertou meu interesse sobre o conceito de carma.
Voltei-me para o Gosho para entender como funciona o carma. Fui para o site da
SGI-USA (www.sgi-usa.org)
e descobri que poderia pesquisar os goshos digitando uma palavra chave ou
frase. Escrevi "carma" e fui levada ao gosho intitulado: "A transformação do
Carma Determinado". Na explanação deste gosho, encontrei o seguinte:
“Este Gosho
explica o principio de transformar o carma ou destino. O Budismo divide o
destino em duas categorias: mutável e imutável. Ambos podem ser bom ou ruim,
mutável e imutável. Carma mutável tem uma fraca influencia e pode ser anulado
através de simples esforço. O carma imutável é enraizado mais profundamente,
difícil de mudar e é uma força determinante para a direção básica de nossas
vidas. Coisas sobre nós mesmos que achamos difícil de mudar - por exemplo,
nossa personalidade ou nossos traços faciais - podem ser considerados carma
imutável”.
De repente
eu entendi, Carma é realmente apenas o destino. Você sempre ouve nos filmes
pessoas dizendo que estavam destinados a se encontrarem. Mas o destino poderia
ser mudado? A mesma explanação do gosho possuía a resposta:
“O Budismo
de Nitiren Daishonin ensina que as causas mais profundas são proteger ou
caluniar a Lei Mística. Estas causas estão profundamente dentro da vida de
cada um, acima da habilidade de sentir ou entender. De qualquer forma "Sobre
prolongar a Vida" afirma positivamente que uma forte fé e desculpas ao
Gohonzon podem mudar até mesmo o carma imutável”.
A partir daí
eu aprendi que o meu carma mais difícil era resultado de minha calúnia ao
Gohonzon da Lei Mística em meu passado. A resposta para mudar o meu destino
era muito clara, eu devia orar para mudar meu destino.
Comecei
rapidamente com a minha primeira missão; era para que eu fizesse uma lista de
todas as minhas características negativas.
Relacionei
todas as maneiras que eu demonstrava negativamente em meus relacionamentos com
os outros.
Para
ajudar-me a começar, Jeanny me deu uma lista de amostra de muitas
características negativas que as pessoas demonstram.
Vi
imediatamente algumas características que se aplicavam a mim como, crítica,
sensível, ciumenta, aborrecida, irada, arrogante, a lista continuava. Então
dei a lista ao meu marido e pedi a ele para marcar minhas características
negativas. Ele concordou rapidamente. Pedi aos meus filhos, colegas de
trabalho, família e todo aquele que estivesse afim de me dar um retorno. Eu
simplesmente disse a eles que estava trabalhando sobre mim e valorizaria muito
suas informações honestas. Alguns deles ficaram um pouco hesitantes a
princípio, receosos de minha reação. Assegurei-lhes que precisava do retorno
deles, que estariam sendo de grande ajuda. A honestidade gentil com a qual
eles me enviaram suas colocações, me fez sentir-me honrada em ser amiga deles.
Desenvolvi uma lista um tanto negativa. Senti uma ligação de vida com cada um
daqueles itens. Eles compartilhavam do meu carma. Próximo passo, comecei o
trabalho de transformar o veneno em remédio. Conhecia agora todos os caminhos
através dos quais estava sabotando meus relacionamentos mais importantes, tudo
que eu tinha a fazer era MUDAR. Mas mudar o estado básico de vida pode ser um
trabalho muito grande. Seria um trabalho enorme e muitas horas de Daimoku.
Para começar
eu recitava meu pedido de desculpas ao meu marido, pai, filhos, empregados, a
todas as pessoas que haviam sofrido devido aos meus aspectos negativos. Na
minha oração, agradeci a eles por serem uma parte importante em minha
revolução humana.
A seguir,
peguei minha lista de comportamento negativo e para cada item escrevi um
aspecto positivo que gostaria de manifestar em substituição. Isto passou a ser
minha ferramenta para orar. Cada dia, focalizava em um aspecto negativo e
imaginava todos os caminhos que eu havia evidenciado isso em meus
relacionamentos. Imaginava então a mesma situação com o novo comportamento
positivo. Jeanny até mesmo dividiu comigo uma amostra de uma lista de
boas virtudes.
Após dois
dias observei uma mudança considerável em meus níveis pessoais de stress.
Quando
encontrava as pessoas para as quais eu tinha orado naquela manhã, minha raiva
tinha sido substituída por um profundo apreço. A primeira área a melhorar era
meu ambiente de trabalho. Quando alguém no trabalho não conseguia terminar um
projeto até a data marcada, ao invés de ficar com raiva deles ou completar o
trabalho eu mesma, perguntava a eles quais eram seus obstáculos. Descobri que
muitas pessoas tinham família e responsabilidades em casa que estavam tomando
muito de suas energias. Ao invés de sentir raiva, senti benevolência pela
situação deles. Trabalhei com eles para ajustar novas datas para completar o
trabalho. Quando finalmente se voltaram para o projeto, sentiram um senso de
realização. Por causa do meu novo estilo de gerenciamento mais light, percebi
que as pessoas estavam sendo mais honestas comigo e trabalhavam até mais para
ajudar-me a completar o trabalho. Passamos a ser uma equipe de iguais ao invés
de gerente e empregados. Percebi que precisei apenas de uma pequena mudança em
minhas percepções das pessoas no trabalho para criar um mudança maior no
comportamento deles. Rapidamente, me vi cercada de pessoas capazes,
inteligentes que estavam afim de caminhar aquela milha extra para fazer do
nosso negócio um sucesso.
Apenas duas
semanas após o início da minha campanha de daimoku recebi o seguinte e-mail do
presidente e gerente de minha empresa referente a uma reunião que tive com um
de meus vendedores:
“Acabei de
falar com Betty que me contou que vocês tiveram uma reunião extremamente
vitoriosa ontem. ‘Ela é positiva, está focada e muito contente em trabalhar
para você!’. Obrigada Sandy - sua influência positiva sobre os vendedores será
muito importante para ajudar-nos a sair desse mercado fraco".
Fiquei
espantada com o dramático e repentino poder dessa prática e a ilimitada
capacidade de meu estado de Buda.
Nitiren
Daishonin escreveu no gosho "Resposta a Hyoe-no-Sakan" (END, vol. 1, pág. 248)
o seguinte:
"Todos,
sábios ou não, consideram natural que os filhos obedeçam os seus pais, os
súbditos sejam leais ao soberano, e os discípulos sigam o seu mestre.
Recentemente, entretanto, parece que o povo dos nossos dias, embriagados com o
vinho da avareza, ira e estupidez, mais freqüentemente do que nunca traem o
soberano, desprezam seus pais e ignoram seus mestres".
Após ler
essas palavras sabia que meus sentimentos em relação ao meu pai estavam
contribuindo para o meu carma imutável e negativo. Jurei direcionar meu
daimoku ao relacionamento com meu pai. Um dia sentei e fiz uma lista de todas
as qualidades negativas do meu pai. Cataloguei todas as coisas dolorosas que
ele tinha feito a mim quando criança. Enquanto analisava aquela página todas
as minhas razões para que eu não gostasse de meu pai me encaravam de volta.
Meu ego me dizia que estava certa em sentir-me irada. Então posicionei-me no
lugar de DEFENSOR do meu pai. Esta foi outra missão para a qual eu tinha orado
abundante daimoku para poder conseguir. Após recitar por horas, ambos os
estados de Buda, dele e meu se abriram, fui capaz de imaginar a mim mesma como
o advogado de meu pai que tinha que defendê-lo no tribunal contra seu
comportamento como pai. Quando mudei minha perspectiva de acusador para
defensor percebi minha ira desaparecendo. Como advogada dele me lembrei da
adolescência problemática que ele viveu. A mãe dele era alcoólatra e muitas
vezes deixava ele e sua irmã sozinhos enquanto saia para se embriagar. Seu
próprio pai era uma pessoa desagradável, um homem crítico que agredia meu pai
repetidamente com cintos e bastões. Meu pai contraiu uma infecção de garganta
quando tinha 10 anos de idade. Isto foi antes da penicilina estar disponível.
Ele ficou acamado por um ano tendo que aprender a andar novamente. A
bebedeira dos pais piorou tanto que meu pai foi levado para viver na casa de
seus avós tendo trabalhado por longas horas numa fazenda. Enquanto compilava a
defesa do meu pai, percebi que ele tinha sido um pai bem melhor para mim do
que seu pai tinha sido com ele. Senti pena daquele garotinho que deve ter se
sentido perdido e não amado. Percebi que meu pai deve ter me amado muito para
me dar tanto nesta vida. Após compilar a defesa dele me comuniquei com meu pai
através do meu daimoku, colocando ambos no mundo de Buda, minha gratidão por
meu pai fazer parte do meu carma e vida. Agradeci por instilar em mim um forte
sentido de ética e uma propensão para vencer qualquer obstáculo. Orei para que
ele tivesse uma felicidade completa nesta vida e livrá-lo de qualquer
sofrimento referente ao meu carma. Ele teve um papel magnífico no meu carma e
o respeitei e amei por isto. Não o visitava há dois anos. Nosso contato tinha
sido apenas conversas curtas ao telefone. Não tinha planos para visitá-lo
porque o dinheiro era curto. Em dezembro de 2001 minha madrasta ligou e
perguntou se estava disposta a levar minhas crianças comigo para uma festa
surpresa pelos 70 anos do meu pai.
Ela pagaria
pelas despesas com as passagens aéreas. Concordei imediatamente preparando
minha agenda para que pudesse ir. Estava orando por dois meses para a
felicidade de meu pai e esta era uma chance para ver se minhas orações estavam
funcionando. Chegamos em segredo na noite da festa. Meu pai não sabia nada
sobre nossa chegada. Todos se encontraram no restaurante antes de sua chegada.
Havia mais de 70 pessoas. Quando meu pai entrou no salão todos nós gritamos
"Surpresa"! Meu pai examinou atentamente a turma sem acreditar. Enquanto ia
andando no meio de todo mundo, meus filhos e eu ficamos a alguma distância.
Quando nos viu, seu rosto demonstrava tudo que estava sentindo. Movimentou-se
em nossa direção como se não houvesse mais ninguém no salão. Seu rosto estava
cheio de amor, muito amor. Ele agarrou a mim, meu filho e minha filha em um
abraço apertado, lágrimas escorrendo de seus olhos e disse: “Eu amo muito a
vocês todos". Este cara forte ficou lá cercado por 70 pessoas e chorou.
Naquele momento eu sabia que minhas orações haviam sido atendidas. Não senti
nem raiva nem ressentimento, apenas um profundo amor por este homem que havia
me proporcionado tanto.
No dia
seguinte para minha completa surpresa ele me convidou para um passeio, sozinha
com ele. Naquele passeio, me olhou nos olhos e desculpou-se por todas as
coisas ruins que tinha feito contra mim. Ele disse que queria que fôssemos
unidos novamente, para conversar, nos corresponder e visitar um ao outro.
Disse que queria ser uma parte real na vida dos meus filhos, um avô ativo.
Novamente eu estava encantada com o poder do Gohonzon e meu daimoku. Que
grande beneficio! Meu pai respondeu a 110% do meu daimoku e nosso
relacionamento mudou profundamente.
Meu maior
desafio era superar meu carma negativo no casamento. Sabia que este carma
estava enraizado profundamente em minha vida e seria difícil erradicá-lo. Após
dois divórcios e com meu terceiro casamento desabando eu sabia que este seria
meu desafio cârmico principal. Comecei a trabalhar imediatamente. Novamente,
compilei uma lista de todas as falhas do meu marido. Era uma longa, longa
lista. Enquanto eu escrevia cada item eu sentia a raiva surgindo dentro de
mim. Como ele poderia me tratar daquele modo? Novamente mudei minha
perspectiva e passei a ser o advogado de meu marido, preparando sua defesa.
Este foi um desafio e tanto. Muitos dos itens na página eram acontecimentos
recentes para os quais eu ainda trazia muita raiva. Em meu coração sentia que
meu marido nunca mudaria e sabia que não toleraria viver com ele tratando a
mim e as crianças daquele modo.
Enquanto
revia a lista, percebi que seu aspecto mais negativo era sua inabilidade para
manter um emprego e contribuir financeiramente para a família. O
responsabilidade de dar suporte à família era toda minha. De fato, isto vinha
sendo o caso em meu casamento anterior também. Por que meus maridos eram
incapazes de ganhar a vida? Eu liguei para a Jeanny pedindo ajuda. Perguntei a
ela porque eu tinha que dar suporte a esses maridos. A resposta dela foi
simples. Ela disse que possivelmente eu tinha para com eles um débito de
gratidão de uma existência anterior na qual eles cuidaram de mim de alguma
forma. Wow! Poderia ser? Eu devia a eles? Enquanto comecei a pensar nestes
termos senti o ressentimento indo embora. Meus pobres maridos concordaram em
virem para minha vida e sofrer sendo despedidos e perdendo seus empregos,
apenas para que eu pudesse pagar um débito a eles. Rapidamente percebi que era
fácil defender meu marido. O tratamento ruim que ele dava aos meus filhos e a
mim era o resultado da baixa auto-estima criada pela sua falta de sucesso nos
empregos. Minha reclamação constante sobre o trabalho dele apenas o fazia
odiar mais a si mesmo. Se você não tem amor-próprio é muito difícil amar os
outros.
Percebi que
a melhor forma de desenvolver o amor dele pelas minhas crianças e por mim era
fazer com que ele amasse a si mesmo. Era um bom trabalhador. A natureza básica
dele nunca foi preguiçosa. Queria trabalhar e contribuir; só não conseguia
achar a oportunidade certa. Determinei objetivos específicos para a carreira
dele. Determinei o primeiro objetivo para outubro. Ele estava sem trabalho
desde abril. Orei para que encontrasse um trabalho que fosse perfeitamente
adequado para seus talentos, onde fosse valorizado e respeitado. O trabalho
deveria ser a prova de recessão e que não houvesse chance de ser demitido. O
emprego deveria criar o potencial para que dentro de dois anos ele ganhasse
mais dinheiro do que eu em meu trabalho. Senti que se o salário dele excedesse
o meu, isto criaria um grande sentimento de orgulho dele mesmo. Finalmente,
ele deveria ter essa proposta de trabalho antes do fim de novembro e estar
trabalhando em 1º de dezembro. Eu não queria muito, queria?
Não contei
nada ao meu marido sobre a minha campanha de daimoku em seu favor. Ele tinha
saído de casa e mudado para a casa da mãe. Liguei e pedi que voltasse para
casa, assim poderíamos tentar uma vez mais. Relutantemente concordou, de
qualquer modo, ficou claro que ele não tinha intenção de mudar. Comecei a orar
imediatamente como uma doida. Meu marido não vinha realmente procurando por um
emprego. Sua auto-estima estava tão baixa que ele sentia-se derrotado antes
mesmo de chegar para a entrevista. Dois dias após voltar para casa, viu um
anuncio no jornal. Isto pareceu interessá-lo e combinou a entrevista. Era para
o cargo de analista financeiro.
Enquanto seu
diploma de faculdade era em finanças, havia trabalhado doze anos no mercado de
tecnologia. Antes da entrevista, ele me disse que ser analista sempre foi seu
sonho. Corri para o Gohonzon para recitar. A entrevista foi bem e eles o
chamaram de volta para mais duas entrevistas. Para encurtar uma longa
historia, ofereceram-lhe o trabalho em 26 de novembro e ele começou a
trabalhar em 3 de dezembro. A Jeanny andou me falando sobre determinar um
tempo para meus objetivos, mas isso era fantástico. Os detalhes exatos de
minha oração foram manifestados na vida de meu marido. Eu estava transbordando
com a prova real, sobre a qual continuarei a escrever e dividir com vocês
neste web site no futuro.
Tradução:
Milla Queiroga
millaqueirogaa@uol.com.br
Revisão:
Ariel Ricci
ahricci@gmail.com
e Marly Contesini
contesini@estadao.com.br
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