Relato de Experiência
A alegria de viver com espírito de gratidão
Sônia Neuriz Barboza


 


Sônia: “Eu mudei, por isso sou feliz!“

Sou muito grata pela oportunidade de apresentar meu relato.

Este ano completarei dezoito anos de conversão ao Verdadeiro Budismo de Nitiren Daishonin. Nesses anos, enfrentei inúmeras dificuldades e, ao ultrapassar cada uma delas, minha vida ampliou-se e obtive imensuráveis benefícios.

Em 1984, ano tão significativo para todos nós, minha mãe, que realizava a prática provisória, resolveu se converter. Nessa ocasião, passávamos por uma situação muito difícil devido a seu problemas de saúde. Ela havia se submetido a uma cirurgia de períneo e,
devido a isso, os médicos diagnosticaram que ela estava com um tumor maligno no intestino grosso.

Após todos os exames, os médicos chamaram a família para comunicar seu estado de saúde, e que seria feita uma intervenção cirúrgica, mas que não garantiam que ela sobrevivesse.

 


Nessa época, eu estava com dez anos e precisei ser forte o bastante para cuidar de minhas irmãs. Além disso, meu pai, devido ao vício da bebida, sempre me agredia muito, verbal e fisicamente. Eu não entendia os motivos.

Então, as reuniões do budismo para mim eram uma diversão, uma vez que não podia sair de casa devido à rigorosidade de meu pai.

A recuperação de minha mãe foi nosso primeiro benefício.

Fui crescendo assim, às vezes ia para as reuniões, outras me escondia das dirigentes, até que não agüentando mais a situação de minha casa, resolvi colocar em prática as orientações que recebia.

Em casa a desarmonia era total, pois culpava todos pelos meus problemas.

Em certa ocasião, resolvi retornar ao ponto primordial e renovei minha decisão de não falhar nas minhas orações e me empenhar nas atividades. Logo vieram os resultados.

Terminei o ensino médio e comecei a trabalhar. Objetivei ter um carro para facilitar minha locomoção para as atividades.

Numa tarde, meu pai — com quem não tinha nem mesmo diálogo —, resolveu pagar minha habilitação e, como se não bastasse, presenteou-me com um carro.

Tudo ia muito bem quando, retornando do curso de informática, sofri um acidente automobilístico e tive várias escoriações no rosto, braços e pernas e perdi quase que totalmente a visão do olho esquerdo, que foi atingido por vidros do pára-brisa. Quinze horas após o acidente fiz uma cirurgia no olho para retirar os estilhaços.

Determinei que não ficaria cega e depois das cirurgias e de recitar muito Daimoku, hoje tenho 90% da visão no olho esquerdo e em meu rosto apenas uma pequena cicatriz.

Iniciou-se o ano de 1997, e não imaginava que seria um ano decisivo em minha vida.

O carma de doença evidenciou-se novamente e minha mãe começou a se queixar de dores ao urinar e, conseqüentemente, começou a urinar sangue. Levei-a ao médico e foi diagnosticado tumor maligno na bexiga.

Intensificamos novamente a recitação do Daimoku para encontrarmos uma solução, pois budismo é vitória ou derrota e não queríamos ser derrotados.

Muitas vezes, saía para fazer visitas familiares com o coração apertado, pois a deixava em casa com dores, mas tinha uma missão a cumprir e pessoas esperavam por mim e não podia ser negligente.

Reencontramos o médico que a acompanhou no ano de 1984, que nos encaminhou para uma ótima equipe de oncologistas, e foi decidido que seriam feitas sessões de quimioterapia. No momento hesitei, pois sabia que esse tratamento é desgastante e agressivo, mas com os esclarecimentos médicos concordei, pois queria o melhor para ela.

Devido à boa sorte acumulada com a recitação do Daimoku, a única reação que minha mãe teve foram vômitos.

Ao final do ciclo de quimioterapia os médicos decidiram fazer uma cirurgia para a retirada dos órgãos afetados.

Com a recitação do Daimoku, obtive energia vital para conciliar trabalho, casa, família, atividades da organização e hospital.

Nessa época, nos empenhávamos para a Convenção das Cinco Divisões. No dia que antecedia à atividade fui visitá-la e, ao contrário das demais vezes, ela estava entubada, tomando soro e recebendo transfusões de sangue. Quando a vi não contive as lágrimas e, debruçada sobre seu peito, chorei intensamente e decidi jamais abandonar a prática e sempre ajudar as pessoas a serem felizes.

Decidimos que essa convenção seria a melhor de todas. E foi. Foi muito gratificante ver a vitória de todos!

Ao final da atividade fui para o hospital e encontrei minha mãe conversando com sua companheira de quarto. Não tenho palavras para descrever a gratidão que senti naquele momento!

Agradeci imensamente ao Gohonzon e dei continuidade à minha luta.

A cirurgia foi marcada para o dia 4 de novembro daquele mesmo ano, e ela estava confiante. Fiz Daimoku para que ocorresse o melhor, para que ela não sofresse e fosse feliz.

Às 7 horas da manhã iniciou-se a cirurgia. Recitei Daimoku a manhã inteira e depois li um relato de uma companheira que havia passado pela mesma situação e nele havia uma frase de Nitiren Daishonin que me tranqüilizou. A frase dizia que as 36 divindades da terra e os 28 deuses das estrelas do céu protegerão os devotos do Sutra de Lótus e que, além disso, todas as pessoas têm dois deuses celestes que as acompanham e relatam todas as suas ações aos céus.

Fui para o hospital e o cirurgião chamou-me e disse que tudo dependia do coração de minha mãe, que estava instável. A cirurgia terminou às 17h30.

Voltei para casa, participei de uma reunião e após, eu e minhas irmãs nos reunimos para recitar Daimoku. Só não sabíamos que nossa mãe já estava num outro ciclo de vida.

Às 23 horas, soube de seu falecimento. Calmamente dei a notícia à minha família. Então pude comprovar a importância da prática da fé.

Embora tivesse saído de uma cirurgia de muitas horas, estava com um aspecto sereno como se estivesse dormindo.

Eu e minha mãe sempre fomos muito amigas, ela era a minha confidente. Sinto muitas saudades e então choro. Mas, logo me lembro do juramento que fiz e vou à luta.

Conforme era seu desejo, casei-me no ano seguinte na Sede Regional Sapopemba e fui morar em Cidade Tiradentes.

O período de adaptação foi muito difícil devido à desarmonia e às dificuldades financeiras. Meu marido se comportava como solteiro. Chegava tarde em casa e não me dava atenção. Nesse período eu trabalhava e comecei a participar das atividades do Grupo Young Miss, e sentia a boa sorte que tinha.

Certa ocasião, ouvindo as palavras de incentivo de uma dirigente da BSGI, resolvi mudar com base na frase: “Se crer nesse Gohonzon e professar o Nam-myoho-rengue-kyo não haverá oração sem respostas nem pecado imperdoável toda a fortuna será concedida e toda a justiça será provada.” (Nitikan Shonin.)

Conforme a frase do Gosho, “Uma espada será inútil nas mãos de um covarde” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 276), intensifiquei a recitação do Daimoku e orei para fazer minha revolução humana. Assim, comecei a me preocupar com os problemas de minhas companheiras e nem percebia mais os meus.

No ano 2000, ingressei no Grupo Mamorukai. Muitas vezes não tinha dinheiro para a condução, mas determinava não faltar e de uma forma ou de outra conseguia participar.

A boa sorte acumulada com essa luta reverteu-se em benefício. Nesse mesmo ano ganhei um carro de presente de meu marido. Com certeza isso foi fruto de minha luta andando para todos os lados para propagar o budismo e incentivar minhas companheiras.

Hoje vejo que nada acontece por acaso. Em Cidade Tiradentes aprendi a ser humilde, pois lá todos têm espírito de procura e gratidão.

Agradeço todos os dias por ter tido a oportunidade de lutar naquela localidade com aqueles companheiros.

Em dezembro mudei-me e voltei para a minha antiga comunidade. Reformei minha casa do jeito que sempre quis.

O ano se 2002 chegou juntamente com o desejo de realmente ser  um ano de muitos de desafios e vitórias.

 

Decidi voltar a estudar para ter uma profissão, e optei por  fazer o curso de Radiologia Medica.

Comecei a estudar e fui sentindo o peso de não acompanhar a sociedade, pois, desde que me casei por mais que achasse  estar atualizada, o mundo lá fora é totalmente diferente da vida de dona de casa.

Logo veio o desejo de trabalhar de buscar novos horizontes, conversando com umas amigas do curso expressei o meu desejo, e uma delas me falou de uma vaga de secretaria num consultório de Psicologia e lá fui eu fazer a entrevista assim comecei a trabalhar.

 

Aparentemente tudo parecia bem, mas a arrogância não me deixava ver que a desarmonia em minha casa era total.

 

A maldade não demorou a me visitar e veio de uma maneira que eu menos esperava.

O telefone de casa tocava e quando eu o atendia ninguém respondia, e eu dizia a meu marido que era alguma mulher querendo falar com ele e assim começava nova discussão.

 

Resolvi colocar um detecta em casa para saber o que realmente estava acontecendo assim descobri o numero e liguei, qual não foi minha surpresa o telefone era de uma mulher. Fiquei com a pulga atrás da orelha e continuei  na minha.

 

No mês de julho começaria estagiar na minha área e estava feliz, fui trabalhar e quando cheguei em casa  tinha um presente me esperando, um bilhete de meu marido   dizendo que não dava para vivermos juntos, pois nos já não nos respeitávamos mais.

 

Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo,  foram dias de angustias e reflexões.

Recitava daimoku para ter forças pra dar continuidade em minha vida, pedia perdão  por fazer as pessoas sofrerem e agradecia tudo o que estava acontecendo.

 

Sempre lia uma passagem que diz: Se crer nesse gohonzon e professar o nam myoho rengue kyo não haverá oração sem resposta nem pecada imperdoável toda fortuna será concedida e toda justiça será provada.

 

Assim fui tendo discernimento para resolver essa situação, exatamente um mês depois meu marido voltou pra casa  e tudo estava indo bem.

 

Então começou o ano de 2003, denominado ano do gloria e do grande triunfo, e assim esta sendo pra mim, no mês de março estava me preparando para sair quando o telefone tocou e novamente não respondiam  então comecei a puxar conversa foi quando uma mulher respondeu e falou que queria falar com o meu marido eu disse que ele não estava e propus que conversássemos então ela me disse muitas coisas que eu nunca imaginei escutar, então lhe disse da lei de causa e efeito, sobre o budismo lhe desejei boa sorte e desliguei o telefone.

 

Em meio a tudo fui convidada para trabalhar na minha área e deixei o consultório.

 

Dei continuidade a minha pratica determinada que seria vitoriosa.

 

E dia após dia  orava para ser uma excelente esposa e que meu marido seria um grande valor pelo Kossen Rufu, hoje consigo enxergar que a atitude dele ter ido embora me serviu de grande lição de aprimoramento, pois talvez se isso não tivesse ocorrido  teríamos nos destruído.

 

Hoje reconheço que as maldades nos servem de grande lição desde que saibamos ter a sabedoria exata no momento exato.

 

No mês de maio tive uma nova surpresa, ao fazer uns exames de rotina foi diagnosticada lesões em meu útero que se não tratadas levariam a um câncer  maligno de útero, por ter presenciado a luta da minha mãe com essa doença decidi ser forte e ultrapassá-la.

 

Com essa determinação li um gosho que diz: Uma mulher como à senhora que serve a tal esplendido gohonzon convida a felicidade nessa vida. Em sua próxima existência o gohonzon permanecera próximo a senhora diante e atrás em sua direita e esquerda. Ele se tornara uma lanterna num local de escuridão completa, ou um guia que nunca falha numa escarpada e perigosa passagem da montanha. Onde quer que vá  seja longe ou próximo o gohonzon   a envolvera e a protegerá.

 

Resolvi erradicar de vez as doenças do meu carma  e ser uma rainha da felicidade, então fiz o tratamento proposto pelo médico e esse mês, obtive os resultados dos últimos exames os quais não foram mais diagnosticado nenhuma lesão maligna, apenas terei acompanhamento de rotina por dois anos, o médico ficou surpreso com a minha recuperação, então o disse que em momento algum achei que seria vencida por essa doença.

 

Em Julho também tive os resultados do meu curso no qual 3 alunos concluíram o curso com nota máxima  dentre esses estava eu.

 

Estou muito feliz por  ultrapassar todos esses obstáculos e hoje poder  compartilhar a minha felicidade com todos os senhores.

 

Hoje, desfrutamos de harmonia familiar e me orgulho muito de minha irmãs que, mesmo com todas as dificuldades por que passamos, desenvolveram-se na organização e nos estudos.

 

Não relato esses acontecimentos para dizer que transformei somente a situação financeira e a harmonia familiar, mas para dizer que eu mudei, mudei a forma de pensar, de agir e de encarar os fatos. Comecei a encarar os obstáculos como um trampolim para meu desenvolvimento, sem lamentar — eis o início de minha revolução humana.


Sei que tenho muito que transformar, mas ao longo desses anos aprendi que com Daimoku em primeiro lugar, seguindo as orientações do presidente Ikeda, tendo um puro espírito de gratidão, só temos a agradecer e compartilhar esse ensino com todos.


Sônia Neuriz Barboza - sonianeuriz@yahoo.com.br

     


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